20130310

o sol do meio dia


fora de casa
a solidão queima ao sol do meio dia

nas paragens da brisa não existe mais pressa
onde antes corriam hoje caminham

nos dias agora
abate-se o peso
da indiferença dos séculos

o sol do meio dia não perdoa corações dês avisados
vertigens
miragens

um golpe

as calçadas balançam e o asfalto afunda lentamente
o meu corpo pesado como tudo de uma vez
se balança dançando com as calçadas
e a minha cabeça vazia como o nada
afunda num ultimo salto de ornamento com o asfalto
(o ultimo show)

no fim do show
meu corpo exposto a rua
sangue e dejetos ao meu redor

um gato roubou meus olhos

alguém reclamou do mau cheiro

e uma gueixa de olhos semi cerrados disse
"esse era metido a poeta"

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